sábado, 3 de setembro de 2011

Por que os gatos ronronam? Parte 1

Quem tem gato sabe muito bem que quando eles estão contentes começam a ronronar. A Marie, por exemplo, tem um ronronar super diferente, que quase se assemelha a um ronco. Eu sempre fiquei bem satisfeita em ouvi-la ronronar, certa de que aquele barulhinho era um sinal de satisfação e contentamento. Agora o que eu não sabia é que os gatos também ronronam quando estão com medo, machucados, dando a luz ou até mesmo quando estão morrendo. Triste, né? E o ronronar, gerado – pelo menos é o que se imagina - pela vibração do diafragma e da laringe, parece ser conservado nos felinos, estando presente até mesmo nos grandes felinos, como os leões.

Características que são conservadas em diferentes espécies em geral representam alguma vantagem evolutiva. Explicando melhor: quando alguma característica não confere nenhuma vantagem adaptativa a um animal, ela provavelmente acaba sendo perdida ao longo da evolução. Ficou claro? E para ronronar, o gato precisa gastar energia. Para gastar energia em situações de estresse – quando estão machucados, por exemplo – os gatos devem ter um bom motivo para isso. Mas que motivo seria esse?

Bom, essa parece ser mais uma daquelas perguntas de 1 milhão de dólares. E ao contrário do que provavelmente sugere o título desse post, eu não tenho uma resposta para ela, apenas uma sugestão que encontrei em um artigo publicado em 1973. O artigo é um relato de caso de um veterinário. O paciente em questão era um gato siamês de 6 anos de idade com infecção aguda no trato respiratório. O gatinho foi medicado mas fugiu e deixou de tomar os remédios por 3 dias. Quando reapareceu, o quadro dele era péssimo e o veterinário estava considerando a eutanásia. Prometo que a história vai ficar melhor.
Depois de dois dias internado, o gato foi levantado para que fosse  trocado de gaiola e nesse momento, ele começou a ronronar. Imediatamente a respiração dele começou a melhorar. Quando ele retornou à gaiola, parou de ronronar e voltou a ter dificuldades em respirar (num quadro conhecido como dispneia). O veterinário convocou então as duas filhas e pediu que elas  se revezassem com o gatinho no colo para que ele voltasse a ronronar. Elas estabeleceram então a “terapia do ronronar”, com períodos de colo a cada meia hora durante 24 horas. No dia seguinte, o gato começou a comer. Daí em diante, graças à terapia nova, o gatinho foi ficando cada vez melhor. Viu? Prometi que a história ia melhorar.
É claro que o carinho das meninas por si só poderia fazer com que o gato melhorasse, mas o veterinário acredita que o ronronar é que permitiu que ele voltasse a respirar. Aparentemente os gatos só conseguem respirar pela boca quando estão ronronando e isso seria de grande ajuda para evitar a dispneia. Gostou? Leia o artigo completo: “The relief of dyspnoea in cats by purring” de Cook, 1973.