Pois
é, há séculos não posto nada. E o motivo principal é que o ano de 2013 foi bem
complicado. Marie passou por uma uveíte, vários momentos de anemia grave e 3
transfusões de sangue. Mas a história é longa e fica para um próximo post. No
post de hoje quero falar sobre bebês, na verdade sobre o meu bebê. Em dezembro
do ano passado, a família cresceu e a Marie sentiu muito chegada do bebê.
Enquanto
estava grávida, conversei com ela várias vezes, explicando a situação e dizendo
que apesar de eu ter que dividir a atenção entre os dois, eu ficaria também
mais tempo em casa. Deixamos ela participar de todas as transformações da casa.
Ela entrava sempre no quarto do bebê para ver o que estava acontecendo e assim
que montamos o carrinho subiu na cestinha e deitou. Ela se aconchegava com
frequência na minha barriga e eu tinha certeza de que tudo daria certo.
No
dia em que ele nasceu, minha mãe foi dormir com a Marie e levou uma roupa que o
bebê tinha usado para ela cheirar. Quando cheguei em casa, ela veio cheia de
amor para dar – já que não me via há algum tempo – mas assim que viu o bebê,
ficou com medo. Mostrei a ela, expliquei, mas a reação não foi boa. Nos dias que
se seguiram, Marie passou a me evitar. Ela não ficou exatamente com ciúmes, ela
ficou com pânico daquele ser que ela não conseguia entender. E o que foi mais
triste é que ela começou a fugir de mim. Era como se eu e o bebê fossemos uma
coisa só que a deixava apavorada. Tentei passar todo o meu tempo livre (que não
era muito) com ela. Deixava de dormir para ficar um pouco com ela. Mas não
adiantou. Ela parou de comer. Comia um grão ou outro quando eu não estava
olhando e só. E não demorou a começar a lamber o cimento da varanda. Eu já
sabia: ela estava anêmica novamente.
O
que quer que esteja causando a anemia da Marie – o vírus, micoplasma ou
simplesmente uma reação autoimune – certamente é agravado em situações de
estresse. E nervosa, sem comer, Marie voltou àquele quadro que infelizmente
conhecemos tão bem. Ficamos então com um bebê recém-nascido e uma gatinha que
eu sabia que precisava levar ao veterinário para receber nova transfusão. Dias
complicados! O maior problema é que todas as vezes que levamos a Marie ao
veterinário ela se estressa tanto que o quadro de anemia piora. Levamos uma
gata anêmica, porém ativa e voltamos sempre com uma gata que mal levanta da
cama. Decidimos, então, mudar de estratégia e evitar ao máximo uma nova
transfusão. Ligamos para a veterinária, conversamos com ela e ela acabou
concordando em repetir o tratamento que tínhamos feito anteriormente sem a
transfusão para avaliar se haveria melhora. Entramos com corticoide em dose
imunossupressora junto com suplemento de ferro e doxiciclina para uma possível
infecção por micoplasma. Marie estava sem comer há duas semanas quando
começamos com o corticoide. A resposta foi imediata. Voltou a comer e aos
pouquinhos foi ficando mais forte. Paramos gradativamente os remédios e estamos
avaliando dia a dia o estado geral dela.
Por
enquanto ela está bem, comendo bastante e brincando muito. Ainda não entende
muito bem o bebê, mas já entra no quarto dele, vem cheirar o pezinho de vez em
quando e me olha com nítida preocupação quando ele começa a chorar. Ainda não
fez as pazes comigo. Mas de vez em quando me dá a honra de sentar no meu colo
quando o bebê está dormindo no berço e às vezes até se enrosca nas minhas
pernas. À noite, depois que coloco o bebê para dormir, Marie vem me provocar
para brincar como quem diz: “agora é a minha vez!”. Pede que eu corra atrás
dela e eu vou. Brincamos até ela cansar. Nossa relação ainda está longe de ser
o que era, mas aos pouquinhos as coisas estão voltando ao lugar.